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HÜHNE, Leda Miranda e BRAGA, Maria. Ecologia e Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Uapê, 2008.Resenha das páginas 135 a 167.
Paula Benevides, no artigo entitulado “Água, O Desafio do Milênio – Por Que a Gestão das Águas”, apresenta a urgência pela busca de alternativas que possibilitem a preservação e administração dos recursos hídricos, essencial para nossa sobrevivência. Apenas um volume relativamente pequeno da água em nosso planeta é doce e, por ser indispensável, demanda estratégias que ordenem seus usos e conservação. No artigo a autora descreve o ciclo hidrológico, fenômeno natural de circulação da água na crosta terrestre, e deixa claro que, embora importante por si só, está intimamente relacionado com os ciclos de outros elementos vitais. Portanto, quando o homem interfere no ciclo hidrológico, está prejudicando os demais. Segundo o texto, chamar a água de recurso natural renovável é uma falácia, pois são muitas as atividades humanas que tornam parte da água imprópria para o consumo.
O ciclo da água só pode ser chamado de fechado (não há perda do recurso) em nível global, pois mudanças na distribuição de recursos hídricos em diferentes áreas da crosta terrestre ocorrem e as populações podem enfrentar limitações de suprimento escasso (seca) ou demasiado (enchentes). O homem, no entanto, continua interferindo no ciclo devido à boa relação custo/benefício na utilização da água para a intensificação do desenvolvimento econômico. Há, no entanto, preocupação da sociedade com a gestão dos recursos hídricos, com iniciativas como o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica. Conclui-se que a gestão da água exige esforço coletivo em busca do bem comum e a evolução do pensar sobre o futuro.
Em “Amazônia, Ecologia Política e Identidade”, escrito por Raymundo Heraldo Maués, é exposta a situação da Amazônia como mera área periférica para o Brasil, pelo menos no que diz respeito à aplicação de recursos. Porém, a região está em foco no cenário mundial, evidenciando as batalhas entre defensores da ecologia e os interesses empresariais. Quanto à identidade amazônica, não existe uma que seja adotada pelos diversos povos nativos. Há sim elementos identitários, como a Cabanagem, o Encantado e as festas religiosas, que fazem parte das culturas e dificilmente serão eliminados por influências externas. A breve porém precisa abordagem do autor leva à conclusão de que as populações regionais merecem ter conservada a voz que lhes é constantemente reprimida.
Finalizando o livro de forma lírica está a prosa e a poesia de Leda Hühne e a Carta da Floresta de Léa Madureira, envolvendo a emoção e a sensibilidade do leitor na questão da responsabilidade ambiental. Particularmente tocante é a homenagem a Chico Mendes no último texto da obra.
Matéria Jornalística: Da Amazônia às Prateleiras do Brasil
Autora: Cristiane Prizibisczki
Veículo: O Eco - http://www.oeco.com.br/index.php/reportagens/37-reportagens/19957-da-amazonia-as-prateleiras-do-brasil
15/10/2008
Os produtos da pecuária e do extrativismo na Amazônia abastecem os grandes mercados consumidores do país, fomentando a devastação por serem muitas vezes resultados de práticas ilegais. Encontra-se de tudo: desmatamento ilegal, trabalho escravo, êxodo e poluição. A situação favorece principalmente as empresas intermediárias, que compram, beneficiam e vendem, muitas vezes sob a bandeira da sustentabilidade e com selos de certificação. Entre tais produtos, estão a madeira, a soja principalmente para consumo em rações e o crescimento do rebanho. São citadas diversas empresas conhecidas entre as maiores beneficiárias da destruição.
A matéria é um excelente alerta para o consumo responsável. Hoje em dia, é evidente que o consumo de bens além do que nos é necessário, com uma margem para o conforto, é uma atitude irresponsável que gera grandes prejuízos ambientais e sociais. A reportagem foca em particular a forma como consumir produtos sem conhecer realmente suas origens provoca danos à Amazônia. É preocupante saber que os selos de órgãos de certificação e de entidades, governamentais ou não, cuja responsabilidade seria a de fiscalizar a origem dos produtos que consumimos, cujos selos pretendem ser marcas para o consumo responsável, não são confiáveis, tendo em vista a constatação dos pesquisadores de que empresas dotadas de tais selos e certificações contribuem para as práticas ilegais e depredatórias. As leituras se complementam e apresentam o consumo consciente como uma das respostas à pergunta "agora que eu sei dos problemas, o que eu posso fazer no meu dia a dia?"