sexta-feira, 24 de outubro de 2008

4a Postagem 2/2008 - Resenha e Matéria Jornalística


Para versão ampliada do infográfico, acesse o site da matéria jornalística abaixo.


HÜHNE, Leda Miranda e BRAGA, Maria. Ecologia e Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Uapê, 2008.Resenha das páginas 135 a 167.

Paula Benevides, no artigo entitulado “Água, O Desafio do Milênio – Por Que a Gestão das Águas”, apresenta a urgência pela busca de alternativas que possibilitem a preservação e administração dos recursos hídricos, essencial para nossa sobrevivência. Apenas um volume relativamente pequeno da água em nosso planeta é doce e, por ser indispensável, demanda estratégias que ordenem seus usos e conservação. No artigo a autora descreve o ciclo hidrológico, fenômeno natural de circulação da água na crosta terrestre, e deixa claro que, embora importante por si só, está intimamente relacionado com os ciclos de outros elementos vitais. Portanto, quando o homem interfere no ciclo hidrológico, está prejudicando os demais. Segundo o texto, chamar a água de recurso natural renovável é uma falácia, pois são muitas as atividades humanas que tornam parte da água imprópria para o consumo.

O ciclo da água só pode ser chamado de fechado (não há perda do recurso) em nível global, pois mudanças na distribuição de recursos hídricos em diferentes áreas da crosta terrestre ocorrem e as populações podem enfrentar limitações de suprimento escasso (seca) ou demasiado (enchentes). O homem, no entanto, continua interferindo no ciclo devido à boa relação custo/benefício na utilização da água para a intensificação do desenvolvimento econômico. Há, no entanto, preocupação da sociedade com a gestão dos recursos hídricos, com iniciativas como o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica. Conclui-se que a gestão da água exige esforço coletivo em busca do bem comum e a evolução do pensar sobre o futuro.

Em “Amazônia, Ecologia Política e Identidade”, escrito por Raymundo Heraldo Maués, é exposta a situação da Amazônia como mera área periférica para o Brasil, pelo menos no que diz respeito à aplicação de recursos. Porém, a região está em foco no cenário mundial, evidenciando as batalhas entre defensores da ecologia e os interesses empresariais. Quanto à identidade amazônica, não existe uma que seja adotada pelos diversos povos nativos. Há sim elementos identitários, como a Cabanagem, o Encantado e as festas religiosas, que fazem parte das culturas e dificilmente serão eliminados por influências externas. A breve porém precisa abordagem do autor leva à conclusão de que as populações regionais merecem ter conservada a voz que lhes é constantemente reprimida.

Finalizando o livro de forma lírica está a prosa e a poesia de Leda Hühne e a Carta da Floresta de Léa Madureira, envolvendo a emoção e a sensibilidade do leitor na questão da responsabilidade ambiental. Particularmente tocante é a homenagem a Chico Mendes no último texto da obra.


Matéria Jornalística: Da Amazônia às Prateleiras do Brasil
Autora: Cristiane Prizibisczki



Veículo: O Eco - http://www.oeco.com.br/index.php/reportagens/37-reportagens/19957-da-amazonia-as-prateleiras-do-brasil


15/10/2008

Os produtos da pecuária e do extrativismo na Amazônia abastecem os grandes mercados consumidores do país, fomentando a devastação por serem muitas vezes resultados de práticas ilegais. Encontra-se de tudo: desmatamento ilegal, trabalho escravo, êxodo e poluição. A situação favorece principalmente as empresas intermediárias, que compram, beneficiam e vendem, muitas vezes sob a bandeira da sustentabilidade e com selos de certificação. Entre tais produtos, estão a madeira, a soja principalmente para consumo em rações e o crescimento do rebanho. São citadas diversas empresas conhecidas entre as maiores beneficiárias da destruição.

A matéria é um excelente alerta para o consumo responsável. Hoje em dia, é evidente que o consumo de bens além do que nos é necessário, com uma margem para o conforto, é uma atitude irresponsável que gera grandes prejuízos ambientais e sociais. A reportagem foca em particular a forma como consumir produtos sem conhecer realmente suas origens provoca danos à Amazônia. É preocupante saber que os selos de órgãos de certificação e de entidades, governamentais ou não, cuja responsabilidade seria a de fiscalizar a origem dos produtos que consumimos, cujos selos pretendem ser marcas para o consumo responsável, não são confiáveis, tendo em vista a constatação dos pesquisadores de que empresas dotadas de tais selos e certificações contribuem para as práticas ilegais e depredatórias. As leituras se complementam e apresentam o consumo consciente como uma das respostas à pergunta "agora que eu sei dos problemas, o que eu posso fazer no meu dia a dia?"

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

3a Postagem 2/2008 - Resenha e Matéria Jornalística

HÜHNE, Leda Miranda e BRAGA, Maria. Ecologia e Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Uapê, 2008.Resenha dos artigos 7 a 9 (páginas 93 a 131).

Continuação da Resenha

No sétimo artigo do livro, escrito por Aline Leal e entitulado “Ecologia e Exclusão Social – Um Estudo da Rocinha”, o conceito de Ecologia é revisitado, desta vez definido como o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, e é apresentado como essencial para a salvação do planeta. Critica o uso dos termos “desenvolvimento sustentável” por levar o foco à busca da sustentabilidade ao lado do desenvolvimento e não da natureza e da sociedade.

Tendo como fio condutor a comunidade da Rocinha, o artigo trata da ecologia social, nova área do conhecimento para a qual o meio ambiente só tem sentido a partir do ser humano, e vice-versa. Questões como a miséria, a má distribuição dos recursos e outras deficiências sociais são tratadas pelo texto, que apresenta como principais reivindicações dos membros da referida comunidade o saneamento básico, coleta de lixo, pavimentação, estrutura viária, saúde, educação e cultura, direitos garantidos a quaisquer cidadãos moradores de bairros tradicionais do Rio de Janeiro.

Mostrando como é imprescindível uma legislação que contemple instrumentos de controle urbanístico adequados à realidade da favela, o texto deixa claro que buscar a justiça social significa tomar conta do ser humano, o mais complexo e singular ser da natureza.

O artigo de Ney Land, “Ontem Como Hoje”, trata do problema social decorrente da forma como as autoridades tratam o indígena brasileiro. Dispomos hoje de excelente legislação para a proteção ao indígena, mas os problemas permanecem devido aos inúmeros processos judiciais em que a Funai, entidade de proteção ao índio, é o réu. Até a conclusão de tais processos, o índio pode ser impedido de usar pedaços de terras que são seus. Além disso, o texto apresenta diversos outros exemplos de como o sistema é deficiente na proteção das comunidades indígenas.

Em “Cosmoecologia”, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, trata-se de ecologia com uma visão mais ampla, uma perspectiva planetária e, por que não dizer, espacial. Assim como os seres vivos dependem uns dos outros e também dos seres não vivos, a vida no planeta como um todo depende das alterações que venham a ocorrer no espaço exterior, bem como das que podem ocorrer em nível planetário de forma gradual, em períodos mais longos. Encarando a Terra como um organismo auto-regulador global, em conformidade com a teoria de Gaia, de Lovelock, o autor apresenta a ecologia cósmica como o estudo de diversos problemas que ameaçam o meio ambiente em escala espacial.








Matéria Jornalística:
Lixo no Brasil




Autor: Maurício Sotto Maior

Veículo: http://www3.atarde.com.br/especiais/econegocios/hp/lixo.htm

Outubro/2008

O artigo aborda como tema central o lixo urbano. Em sua pesquisa, o autor relata várias informações, como a constatação de que o brasileiro produz diariamente 1kg de lixo, fruto do homem em seu consumo desenfreado de materias-primas ou industrializadas. A última pesquisa nacional de saneamento básico realizada pelo IBGE em 2000 revelou uma tendência surpreendente de melhora na situação da destinação final do lixo coletado no país nos últimos anos. A pesquisa avaliou que 63,6% dos municípios brasileiros utilizaram lixões e 32,2% aterros adequados, sendo que menos de 5% não informaram para onde vão seus resíduos. Comparados com os percentuais de dez anos antes, a situação é animadora.
Segundo o centro de estudos socioambientais Pangea, a questão do lixo é um problema mundial. Hoje o lixo significa potencialidade, energia e geração de postos de trabalho, dos mais rudimentares aos mais complexos. Para o centro, uma boa solução seria a coleta seletiva, cujo produto é vendido à indústria de recicláveis.
O Brasil tem tomado posicionamentos muito positivos com relação ao seu lixo, pois temos projetos de incentivo a cooperativas que trabalham de forma séria no sentido de minimizar os efeitos nocivos dos resíduos.
Tanto o livro quanto a matéria jornalística aludem à importância do saneamento básico, sendo que a última contribui apresentando também sua importância para a geração de renda e melhorar a distribuição dos recursos, aspecto que tem o potencial de beneficiar muito comunidades como a da Rocinha, estudada no artigo de Aline Leal. Em conformidade com o artigo, a matéria de Sotto Maior encara a sustentabilidade com base na sociedade e não no desenvolvimento.