quarta-feira, 24 de setembro de 2008

2a Postagem 2/2008 - Resenha e Matéria Jornalística

HÜHNE, Leda Miranda e BRAGA, Maria. Ecologia e Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Uapê, 2008.Resenha dos artigos 4 a 6 (páginas 43 a 90).

Continuação da Resenha

No seu artigo denominado Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental: Concepções e Práticas, a autora Thereza Martins de Oliveira defende uma visão holística segundo a qual natureza, sociedade e ser humano não podem ser considerados separadamente para a solução de problemas ambientais. Apresentando a multiplicidade de significados dos termos desenvolvimento, ecologia e educação ambiental, introduz ao leitor a vastidão e as nuances do tema, quebrando pré-conceitos e mostrando como é necessário a articulação entre diferentes elementos para o combate às práticas destruidoras. Questiona ainda a forma como as práticas estão aquém da crise, local e mundialmente.

Já Gilberto Kobler Corrêa em Sustentabilidade Ambiental, Silvestre, Rural e Urbana fala de outro aspecto dessa articulação de elementos: o trabalho conjunto entre ambientes urbanos, rurais e silvestres. Argumenta o autor que não é possível trabalhar de forma efetiva um problema apenas em uma dessas esferas sem trabalhar sobre seu correlato, como no caso dos desempregos urbano e rural, faces de uma mesma questão que, se tratada apenas em uma de suas manifestações tida como isolada, não a resolve já que o contingente desempregado nas cidades é, em grande parte, conseqüência das condições de vida na zona rural, e o desenvolvimento das áreas rurais e zonas limítrofes é condicionado pela economia agrária que as suporta e depende na área urbana. Arrolando fatos, mostra com precisão científica que não conservar os solos e a água provoca declínios constantes na produtividade e na lucratividade, e que por isso devemos aprender a conviver com menos consumismo.

No artigo Meio Ambiente Humano e Racismo Ambiental, a autora Ana Maria Felippe mostra outro lado da questão ambiental que raramente se apresenta nos meios de comunicação e publicações acadêmicas: a forma como certas minorias ou povos em situação de vulnerabilidade são prejudicados nas questões ambientais. Começa por afirmar que não é possível solucionar as questões do aquecimento global e da emissão de poluentes com qualquer formula mágica, mas sim com aquela que foi-nos dada pela natureza: o equilíbrio e integração naturais de todos os organismos. Ciência e tecnologia, com todos os seus avanços, não dão conta da aceleração da poluição e das diferenças entre os Índices de Desenvolvimento Humano. Em uma atitude corajosa, tira a maquiagem do desenvolvimento sustentável como bandeira para várias atitudes meramente paliativas e mitigadoras, mostrando que não houve ainda coragem para se mudar os fundamentos desse sistema capitalista, machista e destruidor. Dá exemplos de racismo ambiental tais como a falta de infraestrutura que levou às vítimas do furacão Katrina, casos de colocação de aterro em vizinhanças pobres e até mesmo casos na transposição do São Francisco.




Matéria Jornalística:
Lições Inéditas de Um Genuíno Mestre

Entrevista com o professor Aziz Nacib Ab'Saber, por Simone Silva Jardim
Veículo: Revista Ambiente Legal - http://www.revistaambientelegal.com.br/


O professor entrevistado é um profundo conhecedor do Brasil e afirma que governantes devem priorizar a seriedade, método e visão em detrimento do valor eleitoreiro de projetos.



O entrevistado critica duramente o caso emblemático da transposição do Rio São Francisco como um projeto absurdo ao transpor águas poluídas e misturá-las com salinizadas em açudes, sendo totalmente ineficaz para superar o flagelo da seca. Afirma que não é possível fazer um planejamento sobre qualquer área sem que haja estudo prévio e abrangente de seus diversos aspectos da realidade espacial. Para ele o geógrafo, com sua visão abrangente, está na posição de fazer críticas aos projetos malfeitos.

A entrevista é terminada com as palavras do entrevistado declarando que devemos em um projeto "considerar, em pé de igualdade, a viabilidade econômica, social, ambiental, cultural e ética com a Natureza e com toda a sociedade."

Podemos observar diversas idéias em comum entre os artigos resenhados e a entrevista com o geógrafo. Ambas as fontes chegam inclusive o mesmo caso de irresponsabilidade na sustentabilidade de projeto: a transposição do Rio São Francisco. A visão do entrevistado de que qualquer projeto ético e ambientalmente correto deve articular os diversos elementos presentes em um espaço (elemento humano, social, ambiental e cultural) é partilhada pelos autores dos artigos apresentados. As críticas contra o sistema capitalista vigente, em que valores de importância superior para a sobrevivência da humanidade são descartados em favor do poder financeiro, estão presentes tanto na entrevista como nos textos de Oliveira e Felippe.
Ainda bem que as vozes que bradam contra o sistema destruidor já são muitas, e fortes.

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